Os Ciganos não gostam e não aceitam a palavra
tribo para denominar seus grupos, pois não possuem chefes equivalentes aos
caciques das tribos indígenas, nas mãos de quem está o poder.
Os ciganos também não possuem pajés ou
curandeiros, ou ainda um feiticeiro em particular, pois cada cigano e cigana tem
seus talentos para a magia, possui dons místicos, sendo portanto um feiticeiro
em si mesmo. Todo povo cigano se considera portador de virtudes doadas por Deus
como patrimônio de berço, cabendo à cada um desenvolver e aprimorar seus dons
divinos da melhor e mais adequada maneira.
Existem autores que citam que cada grupo cigano
tem seu feiticeiro particular denominado kakú, porém esta palavra no idioma
romani significa apenas tio, não tendo qualquer credibilidade esta afirmação.
Os ciganos preferem e acham mais correto o termo
clã para denominar seus grupos.
OS PRINCIPAIS GRUPOS CIGANOS
Atualmente, existe um sem-número de grupos
ciganos, sendo os mais expressivos no presente os seguintes:
GRUPO KALON
Os componentes deste grupo fixaram residência
especialmente na Espanha e Portugal, onde sofreram severas perseguições, pois
sendo estes países profundamente católicos e conservadores, não podiam admitir
os costumes ciganos, tanto que foram proibidos de falar o seu idioma, usar suas
vestes típicas e realizar festas e cerimônias segundo suas tradições. O que os
ciganos sofreram na Península Ibérica, lembra de certa maneira o que os negros
sofreram em terras do Brasil.
Os ataques da realeza ao grupo Kalon foram tão
rigorosos, que ele foi obrigado a criar um dialeto, mescla de seu próprio idioma
com o português e o espanhol, em particular em Portugal, onde as proibições não
foram verbais, mas determinadas por decreto do rei D. João V.
Apesar de todos os sofrimentos o Clã Kalon
sobrevive até os dias atuais, sendo um dos grupos que mais fielmente segue as
tradições ciganas. Tem-se que os Kalons originaram-se no antigo Egito.
GRUPO MOLDÁVIO
De pele mais clara e olhos azuis, este grupo
originou-se em terras da Rússia, tendo de enfrentar os rigores do inverno russo
em suas precárias carroças. Sob as pesadas roupas e capotes escuros mal
reconhecemos sua origem cigana. A denominação moldávio vem da palavra Moldávia,
república da Europa central, que chegou a fazer parte do Império Russo e da
antiga URSS. Há poucas diferenças entre o dialeto moldávio e o romeno; contudo,
distinguem-se fortemente na escrita, uma vez que o moldávio adotou o alfabeto
cirílico (Dicionário Aurélio).
GRUPO HOHARANÔ
Surgiram em terras turcas e se destacaram em
especial como grandes criadores de cavalos. Os integrantes deste grupo chegaram
ao Brasil bem depois do grupo Kalon, somente no final do século XVIII.
GRUPOS KALDERASH E MATCHUIYA
Os ciganos do grupo Kalderash são originários da
Romênia e da antiga Iugoslávia, o berço dos Matchuiya. Ambos os grupos chegaram
ao Brasil no final do século XVIII. Os primeiros ciganos a chegarem no Brasil
eram do grupo Kalon e vieram de Portugal em meados do século XVII. Portugal,
necessitando de mestres de forja no Brasil, enviou-os para cá para que
fabricassem ferraduras, armamentos e ferramentas. Faziam também artesanalmente
utensílios domésticos, seus tachos e alambiques para o fabrico da cachaça,
famosos até hoje por serem extremamente bem feitos e resistentes.
A FAMÍLIA
O comando da família é exercido de maneira
completa e responsável pelo homem. Ele é o líder e à ele competem a proteção, a
segurança e o sustento da família. A mulher e os filhos o respeitam como máxima
autoridade e lhe são inteiramente subordinados.
São os homens que resolvem as pendências, acertam
o casamento dos filhos, decidem o destino da viagem e se reúnem em conselhos
sobre assuntos abrangentes e comuns ao Clã.
As mulheres ciganas não trabalham fora do lar e
quando vão às ruas para ler a sorte, esta tarefa é entendida como um cumprimento
de tradições e não como parte do sustento da família, apesar de elas entregarem
aos maridos todo o dinheiro conseguido.
Os ciganos formam casais legítimos unidos pelos
laços do matrimônio, não fazendo pare de seus costumes viverem amasiados ou
aceitarem o concubinato. Vivem juntos geralmente até a morte e raramente ocorrem
entre eles separações ou divórcios, que somente acontecem se existir uma razão
muitíssimo grave e com decisão do Tribunal reunido para julgar a questão.
Os pares ciganos, marido e mulher, são muito
reservados e discretos em público, não trocando nenhum tipo de carinho que possa
ser entendido como intimidade, que é vivida somente em absoluta privacidade.
Enquanto o homem representa o esteio e o braço
forte da família, a mulher significa o lado terno e de proteção espiritual dos
lares ciganos.
Cabe às mulheres cuidarem das tarefas do lar e as
meninas ficam sempre ao redor da mãe, auxiliando nos trabalhos da casa, ajudando
a cuidar dos irmãos menores e aprendendo as tradições e costumes como a execução
da dança, a leitura das cartas e das mãos, a realização dos rituais e
cerimônias, os preceitos religiosos.
Se uma criança ou jovem cigano sai dos eixos, tem
um comportamento inadequado ou procede mal, geralmente mulher é responsabilizada
por tais feitos.
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